segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Os anjos protetores

O Lucas voltou-se para o pai e perguntou:
- Os anjos existem mesmo? Eu nunca vi nenhum.
Como ele lhe afirmasse a existência deles, o Lucas disse que iria andar pelas estradas, até encontrar um anjo.
- É uma boa idéia, falou o pai.
- Irei com você.
- Mas você anda muito devagar, argumentou Lucas. Você só tem um pé.
O pai insistiu que o acompanharia.
Afinal, ele podia andar muito mais depressa do que ele pensava. Lá se foram.
O menino saltitando e correndo e a pai mancando, seguindo atrás.
De repente, uma carruagem apareceu na estrada.
Majestosa, puxada por lindos cavalos brancos.
Dentro dela, uma dama linda, envolta em veludos e sedas, com plumas brancas nos cabelos escuros.
As jóias eram tão brilhantes que pareciam pequenos sóis.
Ele correu ao lado da carruagem e perguntou à senhora:
- Você é um anjo? Ela nem respondeu.
Resmungou alguma coisa ao cocheiro que chicoteou os cavalos e a carruagem sumiu, na poeira da estrada.
Os olhos e a boca do Lucas ficaram cheios de poeira.
Ele esfregou os olhos e tossiu bastante.
Então, chegou seu pai que limpou toda a poeira, com sua camisa de algodão azul.
- Ela não era um anjo, não é, papai?
- Com certeza, não. Mas um dia poderá se tornar um, respondeu o pai.
Mais adiante uma jovem belíssima, em um vestido branco, encontrou o menino.
Seus olhos eram estrelas azuis e ele lhe perguntou:
- Você é um anjo? Ela ergueu o pequeno em seus braços e falou feliz:
- Uma pessoa me disse ontem à noite que eu era um anjo!
Enquanto acariciava o menino e o beijava, ela viu seu namorado chegando.
Mais do que depressa, colocou o garoto no chão.
Tudo foi tão rápido que ele não conseguiu se firmar bem nos pés e caiu.
- Olhe como você sujou meu vestido branco, seu monstrinho!
Disse ela, enquanto corria ao encontro do seu amado.
O menino ficou no chão, chorando, até que chegou seu pai e lhe enxugou as lágrimas com sua camisa de algodão azul.
Aquela moça, certamente, não era um anjo.
O garoto abraçou o pescoço do pai e disse estar cansado.
- Você me carrega?
- É claro, disse o pai.
- Foi para isso que eu vim.
Com o precioso fardo nos braços, o pai foi mancando pelo caminho, cantando a música que ele mais gostava.
Então o menino o abraçou com força e lhe perguntou:
- Pai, você não é um anjo?
O pai sorriu e falou mansinho:
- Imagine, nenhum anjo usaria uma camisa de algodão azul como a minha...
Amados Anjos são todos que fazem bem ao próximo.
São mães, pais, filhos, irmãos que renunciam a si próprios, a suas vidas em benefício dos que amam.
E aqueles que nos odeiam?
Abençoe.

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